Campos se prepara para a Copa do Mundo

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A Copa do Mundo, que começa no dia 20 de novembro, no Qatar, país localizado no Oriente Médio, promete, mais uma vez, um espetáculo esportivo que joga com a paixão dos brasileiros pela bola e a esperança na conquista do hexacampeonato. Além de reunir os melhores jogadores de todo o mundo dentro e fora do campo, a Copa tradicionalmente aguça a criatividade da torcida, movimenta pontos de exibição de jogos e movimenta o comércio, com a venda de camisas e artigos de decoração. Em Campos, não é diferente. À medida que o torneio se aproxima, torcedores e lojistas aceleram os preparativos para o Mundial.

Granger Ferreira é jornalista esportivo, mas, antes de tudo, um torcedor de longa data da seleção brasileira de futebol, daqueles que se paramentam, decoram a casa e juntam a família e os amigos para assistir aos jogos. Uma preparação que ele começa agora para a Copa do Qatar. Questionado, Granger garante que o fascínio pela camisa canarinho vem da infância.

“Minha ligação com o esporte começou desde muito pequeno, quando morava em Niterói, e percebia que um evento específico, a Copa do Mundo, fazia as pessoas saírem de suas rotinas. As ruas, que normalmente são utilizadas somente pelos carros, passavam a receber as pessoas, ganhavam pinturas no asfalto e fitas nas cores da bandeira no alto dos postes. Tudo fruto de uma reunião de adultos e crianças que buscavam enfeitar o ambiente. Esse sentimento de euforia me motivou e passei não somente acompanhar a Copa, mas todas as demais atividades da seleção”, explica.

Granger acrescenta que o torneio é uma época de união da população, o que, de acordo com o jornalista, não é muito comum atualmente “As festas, em geral, são válvulas de escape para o dia a dia. Mas a Copa acaba colocando no brasileiro o sentimento de que podemos ser melhores do que o restante do mundo em algo. O Brasil que dá certo e que queríamos ver em outros setores, deixa o torcedor com orgulho e serve, também, para uma renovação de identidade nacional. Somos um país extremamente grande e que, por isso, muitas vezes, mantém partes de sua população distantes umas das outras. O futebol nos une e nos lembra que nossa realidade não se resume à cidade ou ao estado em que vivemos. Pertencemos a algo maior, a uma nação”, elabora.

Princesa Isabel mantém a tradição de pintar ruas
Um local que cultiva a tradição de festejar a Copa do Mundo é a rua Princesa Isabel, no bairro IPS, em Campos. Há duas décadas os moradores e comerciantes do local se reúnem para promover uma grande festa em dias de jogos do Brasil. No decorrer dos anos, a celebração foi ficando cada vez mais movimentada e chamando a atenção da população. Os trabalhos para a Copa de 2022 já tiveram início, com a pintura de muros e de meios-fios, a colocação de fitas verdes e amarelas ao longo da via e a instalação de iluminação especial.

O morador Luiz Carlos Ferreira é um dos organizadores da festa. Ele ressalta que a maior preocupação é garantir a segurança dos torcedores.
“Teremos cinco torres de segurança ao longo da rua, 12 câmeras instaladas especialmente para o evento, além dos equipamentos já existentes nos comércios. A rua será fechada e todas as pessoas serão revistadas antes de entrar. Não será permitida a utilização de garrafas de vidro”, explicou o organizador, ressaltando que a Polícia Militar e a Guarda Municipal estarão presentes.

A expectativa é de que até 15 mil pessoas compareçam à Princesa Isabel nos dias de jogo da seleção brasileira. Para animar o evento, foram contratadas bandas como os grupos de pagode Pique Novo, que toca no dia 24, e Sem Resenha, atração do dia 28.

A estrutura que está sendo preparada vai contar, ainda, com posto de saúde e banheiros químicos.

Comércio campista turbina preparativos
Andando pelo centro de Campos, já é possível respirar o famoso clima de Copa, com o comércio começando a mostrar as cores da seleção brasileira. A reportagem do Jornal Terceira Via conversou com Tiago Moreira, proprietário de uma loja de artigos de festa, que aposta na venda de acessórios personalizados com a temática do Mundial.

De acordo com Tiago, a expectativa de seus clientes para a Copa do Catar tem sido maior do que em relação à competição na Rússia, em 2018. “Em 2022, sinto a população mais animada em relação à seleção brasileira. Em 2018, tinha todo o desânimo por causa da derrota por 7 a 1 que o Brasil sofreu em casa para a Alemanha quatro anos antes. Na época, até deu um movimento bom no comércio, mas acho que poderia ter sido melhor, ainda mais se a gente passasse de fase. Mas, fomos eliminados nas quartas, muito cedo”, explica o comerciante.

O empresário revela que o item mais vendido em sua loja é o conjunto contendo corneta e chapéu e personalizados. A bandeira do Brasil, segundo Tiago, é outro item muito requisitado. Ele afirma, no entanto, que torcer em 2022 está mais caro que em 2018, em decorrência dos impactos causados pela pandemia do novo coronavírus na economia global e na cadeia mundial de logística, que afetaram os preços dos fretes internacionais.

“Os preços dos produtos subiram cerca de 60%. A maioria dos itens que vendemos é importada e, no pós-pandemia, o frete internacional ficou muito caro, subiu 15 vezes, se compararmos com antes. Tem material que nem trazemos mais porque não compensa, as mercadorias baratas por exemplo”, conclui.

Camisas de jogo da seleção brasileira também podem ser encontradas em quantidade em lojas de roupa e de artigos esportivos. Apostando em preços mais atrativos do que os praticados por sites de grandes distribuidoras, lojistas expõem as “amarelinhas” nas vitrines e afirmam que a procura está grande.

“Estamos vendendo bem tanto as camisas de jogo quanto as de viagem. O pessoal está se antecipando em 2022”, diz Josevaldo Carvalho, proprietário de duas lojas no Centro de Campos. Ele afirma que ainda é cedo para traçar comparação com 2018, mas acredita que o movimento deve crescer quando os jogos tiverem início. “Não dá para comparar ainda com a Copa da Rússia pois ainda não começou a Copa. O movimento costuma aumentar às vésperas das partidas”.

Turismo tem muitas consultas, mas ainda não decola
Além dos preparativos nas casas e nas ruas, muitos torcedores viajam para assistir aos jogos da Copa. Agências de turismo de Campos vêm tendo dificuldade de vender pacotes para o torneio do Catar. Agentes de viagens contam que até houve procura, mas os contatos não se converteram em venda de pacotes. Entre as razões elencadas estão o alto valor da viagem, a falta de vagas em voos e na rede hoteleira e o temor a respeito dos desdobramentos da pandemia.

O turismólogo Antônio Fidélis diz que recebeu apenas consultas. “Tivemos algumas pessoas que demonstraram vontade de viajar para ver o Mundial de Futebol ao vivo, mas não fechamos nenhum contrato”, diz.

O empresário Rildo Júnior, dono de uma agência de turismo, também foi procurado por torcedores, que acabaram não concretizando a compra. “Creio que o alto valor da viagem não animou algumas pessoas em irem para o Catar. Outro dado é que, nos últimos dias, também não tem vaga nos voos nem hotéis. Durante a pandemia houve bastante procura na agência. Entretanto, creio que a incerteza sobre a doença, se iria perdurar, se as viagens estariam ou não liberadas, fizeram com que muitas pessoas desistissem de ir para essa Copa”, comenta.

Proprietária de outra agência, a empresária Cecília Manhães afirma que uma regra específica imposta pelo Qatar vinha dificultando as vendas, mas que ela foi alterada, o que aumenta a expectativa de uma mudança no cenário.

“Aqui em Campos tivemos uma boa procura por informações e valores. Porém, vendas concretizadas mesmo, foram para clientes de fora da cidade. Creio que, com a mudança nas regras, em que foi permitido que torcedores sem ingressos possam entrar no país a partir de 2 de dezembro, aumentará o interesse dos turistas brasileiros pela Copa do Mundo”, diz.

Álbum da Copa: após corrida às bancas, movimento diminui
O álbum de figurinhas oficial da Copa do Mundo de 2022 se tornou um fenômeno de vendas em diversas partes do mundo. Em Campos, o hobby atrai pessoas de todas as idades, que promoveram uma verdadeira corrida aos pontos de venda logo após o lançamento, em agosto. Três meses depois, no entanto, a procura já não é mais a mesma, garante Gabriela Santos, que trabalha em uma banca no centro da cidade.

“Logo quando saiu o álbum, as vendas eram altas. Chegamos a vender 300 pacotinhos por semana e o álbum ficou em falta durante um tempo. Hoje, até vendemos bem, mas o movimento caiu bastante. O pessoal foca mais na troca de figurinhas”, explica.

Os pacotes contendo cinco cromos custa R$ 4, o dobro do cobrado pelo mesmo produto na edição de 2018 da Copa do Mundo, na Rússia. O álbum custa R$ 12, contra os R$ 7,90 quatro anos atrás. O álbum da Copa do Catar tem espaço para 670 figurinhas. Para completá-lo é preciso adquirir, no mínimo, 134 pacotinhos, o que equivale a um investimento mínimo de R$ 534.

Brasil na Copa
Buscando o tão sonhado hexa campeonato, a seleção brasileira entra na Copa em alta. Após um ciclo de alto aproveitamento, com 80,6% dos pontos conquistados, a “canário” é considerada uma das favoritas da competição. Desde 2018, foram 37 vitórias, 10 empates e somente três derrotas, com 111 gols marcados (uma média de 2,2 por partida) e apenas 19 sofridos. No torneio do Catar, o Brasil está no grupo de Sérvia, Suíça e Camarões.

Fote: 3ºvia

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