A Secretaria Municipal de Saúde (SMS), através da Vigilância em Saúde, adotou um planejamento emergencial em relação à dengue. A medida foi necessária devido ao aumento do número de casos da doença em Campos, que vem sendo observado desde o final de 2023, onde somente no último trimestre do ano, foram 1.426 casos confirmados. A estratégia envolve a descentralização do atendimento para a dengue no município, incluindo as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e as Unidades Pré-Hospitalares (UPH), no intuito de fornecer atendimento inicial aos pacientes, desafogando, assim, os hospitais de urgência e emergência, além do Centro de Referência da Dengue (CRD).
O novo fluxograma foi apresentado aos serviços de saúde na tarde desta quinta-feira (25), no Anfiteatro da Faculdade de Medicina de Campos (FMC). De acordo com o diretor de Vigilância em Saúde, o infectologista Rodrigo Carneiro, as UBS farão o acolhimento inicial para os pacientes com quadros leves, enquanto casos intermediários deverão ser atendidos pelas UPHs. Ambos os locais terão um importante papel na identificação de pacientes potencialmente graves, cujos níveis de gravidade determinarão quais serão as condutas a serem tomadas, no caso de pessoas que não apresentarem melhora com as medidas iniciais. Essas serão referenciadas ao Centro de Referência da Dengue ou diretamente para internação em um hospital.
“A Secretaria está atenta e já com a perspectiva de que esse aumento do número de casos prossiga nos próximos meses. Diante disso, optamos por atualizar o nosso fluxograma para a dengue, otimizando as nossas ações. O município está fazendo sua parte e esperamos que a população adote medidas de prevenção, principalmente o controle do vetor, para evitar uma grande epidemia no município”, orientou Carneiro.
Com o novo fluxograma, os pacientes foram divididos em quatro grupos: Grupo A são aqueles cujos sintomas vão desde febre, moderada a alta e que não dura mais do que sete dias, a dor de cabeça e atrás dos olhos; náuseas; mialgia (dor muscular); falta de apetite e manchas pelo corpo. Para esses casos, o atendimento deve ser feito nas UBS, pois não requer maiores intervenções.
Já pacientes que se enquadram no Grupo B, como pessoas com comorbidades graves ou que, além dos sintomas clássicos já mencionados, também apresentam petéquias, que são aquelas pintinhas vermelhas na pele, deverão ser encaminhados às UPHs, pois necessitam de hidratação venosa, o que segundo Rodrigo Carneiro, diminui consideravelmente as chances de evolução para um quadro de maior gravidade.
Pessoas do Grupo C devem ser avaliadas em uma unidade hospitalar, pois já manifestam quadros com sinais de alerta como: dor abdominal intensa, sangramentos, hipotensão, vômitos, diarreia, sangramento gengival, entre outros sintomas. Já pacientes do Grupo D, apresentam choque e hemorragias graves, sendo encaminhados direto para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
“A dengue é uma doença de evolução que pode ser muito variada. Daí a importância dos profissionais que estão lá na ponta, que poderão identificar e classificar esse paciente, de acordo com os seus critérios de gravidade, e estratificá-lo conforme os grupos do novo fluxograma”, realçou o infectologista.
CRD PREPARADO – O diretor do Centro de Referência da Dengue, Luíz José de Souza, disse que o espaço, que conta com 12 leitos, está preparado para atender a população, podendo, inclusive, aumentar a oferta de leitos disponíveis. “O CRD tem um grupo muito bom com enfermeiros e médicos devidamente treinados. O local tem capacidade para realizar exames, com resultados no dia seguinte, e internação, quando necessário, no Hospital Plantadores de Cana. O apoio da rede básica e das unidades 24h será de extrema importância para atender a demanda ou uma possível epidemia”, informou.
DENGUE EM CAMPOS – De acordo com o último balanço divulgado, até o dia 23 de janeiro, foram registrados 137 casos confirmados de dengue no município e 1 de chikungunya. Não há confirmação para zika. Durante todo o ano de 2023, foram registrados 3.493 casos de dengue e 49 de chikungunya. Não houve registro de zika vírus no ano passado.