O município de São João da Barra ostenta o título de melhor Carnaval do interior do Estado do Rio. Trata-se de uma tradição que vem passando de geração em geração e que foi lembrada pelo projeto “Câmara Cultural” nesta quarta-feira (6). Durante um bate-papo descontraído, várias pessoas envolvidas na Festa de Rei Momo falaram sobre o passado, o presente e o futuro da maior manifestação cultural do município.
A reorganização da programação foi o mais defendido e, a segurança pública, o mais elogiado. “O Carnaval sanjoanense é tradicional, riquíssimo pela sua beleza, pelos seus participantes, organizadores, e é muito bom ter esse diálogo aqui para a gente planejar o futuro. No que depender desta Casa, o Carnaval sanjoanense vai ficar cada vez melhor”, disse o presidente do Legislativo, Alan de Grussaí.
O secretário Municipal de Cultura, Gil Wagner Miranda, destacou ações importantes da pasta recém-criada: as oficinas de samba e o reajuste no valor da subvenção social para as agremiações. O secretário de Segurança Pública, Anderson Campinho, disse que a segurança no verão e no Carnaval foram bastante satisfatórias. A secretária executiva do Conselho Municipal de Cultura, Izabel Gregório, falou que o órgão se preocupa com o futuro. “Até que ponto vamos conseguir oferecer um ambiente seguro para os nossos habitantes e visitantes?”.
O jornalista e colunista social, Wilson de Oliveira, lembrou do Trio Jiripoca que, segundo ele, foi o primeiro bloco de embalo (pessoas vestidas com abadás). Wilson defende a ideia de ter blocos desfilando na parte da manhã (como no Rio) e em diferentes locais na sede. Representante do Bloco Tô Ki Tô, o músico João da Banda TB-6 enfatizou a importância dos blocos de abadá, pois concentram muitos foliões. Disse também que os blocos famosos de Grussaí (Boneca do Waldir e Boneco Batoré), Açu (Bloco das Piranhas) e Atafona (Borracha Fraca) devem ser incluídos do debate, pois já fazem parte da memória sanjoanense.
A popular Banda Maluca, com seus 86 anos de história, foi representada pelo jornalista Fabrício Berto, que participa desde os cinco anos de idade, mantendo a tradição familiar. “Realmente está no sangue. É uma brincadeira carnavalesca que, se depender de mim, não vou deixar morrer”, disse.
A presidente da Escola de Samba Vila Imperial, Andrea de Oliveira Rangel, contou que esta tem cinco anos de fundação e que tem recebido apoio das veteranas Chinês e Congos. Para ela, as escolas deveriam desfilar mais cedo e, os blocos, mais tarde. Assim, facilitaria a vida dos idosos – que ficam horas esperando para ver as alegorias passando na avenida. O mesmo foi observado pelo presidente da Escola de Samba Chinês, Daniel dos Santos Vieira. Ele também destacou a importância do reajuste no valor da subvenção deste ano e do esquema de segurança montado. O Chinês acaba de completar 91 anos!
Gerente de Patrimônio e Memórias da Secretaria de Cultura, André Pinto, anunciou que o município deve ganhar, em breve, um Museu Virtual do Carnaval. Como folião, ressaltou que a festa poderia voltar a ter brincadeiras típicas de rua, como as críticas carnavalescas.
O bate-papo foi mediado pelo jornalista, pesquisador e ouvidor da Secretaria de Cultura, Bruno Costa. Segundo ele, os primeiros registros sobre o Carnaval sanjoanense datam de 1856 e foram publicados no Jornal Parahybano. “O Carnaval não pode perder sua raiz e é importante o poder público ter esse olhar!”.
Mais – O evento teve, ainda, uma apresentação de passistas do Chinês, que participam da oficina de samba oferecida pelo município. Nesta quinta (7) e sexta-feira (8), a Câmara vai sediar uma exposição com fotos e recortes de jornais sobre a festa de Rei Momo, com visitação ao público, das 8h às 17h.