Moradores de Santa Cruz, na Zona Oeste, e Santa Teresa e Bairro de Fátima, na região central, compartilham uma rotina incômoda nas últimas semanas: a falta d’água constante. Contrariados, eles relatam os transtornos causados pelas falhas no abastecimento e criticam as concessionárias que operam o serviço.
Segundo o jornalista Orlando Lemos, morador de Santa Teresa, a falta d’água vem desde o ano passado e atinge diversas localidades. “Sistematicamente, regiões do bairro ficam sem água. A Rua Elizeu Visconde, por exemplo, está se tornando um problema crônico, porque quando uma metade tem água, a outra não tem. E vice-versa”, destaca Lemos, afirmando ainda que outros bairros têm sofrido o mesmo problema: “Rio Comprido e Catumbi também são afetados”.
Já Berenaldo Lopes, do Bairro de Fátima, afirma que o intervalo entre os episódios de falta d’água têm sido curtos: “A gente fica sem água constantemente. Todo mês falta. Duas, três, quatro vezes. Quando era com a Cedae, já acontecia. Mas piorou”.
Diretor de comunicação da Associação de Moradores de Santa Teresa, Orlando ressalta ainda que não há uma parte do dia em que seja mais comum a interrupção no fornecimento de água: “Às vezes, acaba de manhã e só volta à tarde. Mas na maioria dos casos, falta o dia inteiro”.
Transtornos
Consequentemente, os moradores sofrem no dia a dia com a falta de um bem tão fundamental como a água: “Os transtornos são gerais, já que não se pode ter higiene ou fazer comida”, exemplifica a dona de casa Elisangela Andrade, mencionando a frequência com a qual convive com a falta d’água em Santa Cruz: “Todos os dias”.
Em Santa Teresa, quem tem sofrido também é a Igreja Anglicana: “Segundo a reverenda, a conta de R$ 500 chega todo mês. Mas nesse momento, a igreja está sendo abastecida por um carro-pipa”, observa Orlando Lemos.
Berenaldo, que é integrante da Associação de Moradores e Amigos Centro Residencial, cita quem costuma sofrer com o problema no Bairro de Fátima: “Aqui, moram muitos idosos. E os comerciantes também saem prejudicados. Temos muitos restaurantes aqui. Então, o pessoal quer cozinhar e não pode porque não tem água”.
Ele lembra ainda um outro problema que, a propósito, pode explicar a frequência da falta de água: “Toda semana tem vazamentos grandes aqui. A gente reclama, faz vídeos, mas não resolveram ainda. E com certeza uma coisa está ligada à outra”.
Contas salgadas
A propósito, a conta de água é outro imbróglio para os moradores. E a opinião de muitos é que o problema começou com a chegada das concessionárias – no caso, Rio+Saneamento, em Santa Cruz; e Águas do Rio, em Santa Teresa e Bairro de Fátima.
Orlando, de Santa Teresa, é enfático: “As contas começaram a ficar abusivas após a instalação dos novos hidrômetros”.
E Berenaldo conta que no Bairro de Fátima a percepção é a mesma: “A síndica do meu prédio reclama muito que a conta tem vindo alta. Em outros prédios, a gente ouve reclamações também, de que começou a vir mais alta depois que trocaram os hidrômetros. Aliás, assustadoramente alta”.
Respostas
Sem poupar na hora de cobrar, as concessionárias pelo visto economizam na hora de dar uma satisfação aos consumidores: “A Águas do Rio já me disse que desconhece o problema”, lamenta Elisangela, de Santa Cruz.
Em Santa Teresa, a justificativa são os reparos, o que não satisfaz Orlando: “Eles dizem que um reparo está sendo feito, dão prazo de 72 horas. Mas o problema é que não é algo pontual, é sempre”.
Para a reportagem, a Águas do Rio informou que concluiu, no início da tarde desta segunda-feira (12), um reparo na rede de distribuição de água no Rio Comprido. Assim, o abastecimento entrou em processo de normalização gradativa e deverá ser regularizado em até 72h nos seguintes bairros: Botafogo, Catumbi, Cosme Velho, Laranjeiras, Rio Comprido, Santa Teresa, Urca, Glória, Bairro de Fátima e partes de Catete, Leme e Copacabana (trecho entre os postos 1 e 5).
Questionada sobre o problema em Santa Cruz, a Rio+Saneamento divulgou apenas que “atua neste momento para regularizar o fornecimento na Rua Jacinto Paiva” e que o abastecimento até a regularização se dará por meio de caminhão-pipa. A concessionária diz ainda que reforça a “importância de que os moradores mantenham seus cadastros atualizados e registrem suas reclamações nos canais oficiais da empresa”.
A Cedae se limitou a afirmar que “é responsável pela produção de água” e “não está encarregada da rede de distribuição”.