Em 1922, enquanto o Brasil comemorava o centenário de sua independência, algo igualmente grandioso acontecia, em silêncio e com profundidade, no interior das salas de aula da pequena e encantadora São João da Barra, no Norte Fluminense. Era lá, no coração de uma cidade marcada pela tradição e pela força do povo, que o Grupo Escolar Alberto Torres transformava vidas e escrevia páginas importantes da história da educação brasileira.
Fundado no início do século XX, o grupo escolar era mais que uma instituição: era um símbolo de progresso em um tempo em que estudar era um privilégio. Inspirado nos ideais do jurista Alberto Torres, que defendia a educação como o alicerce do desenvolvimento nacional, a escola tornou-se uma referência regional. Em 1922, ela já era considerada um marco em São João da Barra, atendendo com dedicação os filhos e filhas das famílias locais — muitos deles trabalhadores do porto, da lavoura e do comércio.
🎒 O passado contado por quem viveu
Aos 108 anos, a ex-aluna Dona Amélia Costa, nascida e criada em São João da Barra, revive com emoção os dias de sua infância dentro do grupo escolar.
“Eu me lembro como se fosse ontem. A gente chegava cedo, de uniforme engomado, laço no cabelo e o caderno apertado no peito. As salas eram grandes, as carteiras de madeira dura, mas era ali que a gente aprendia a sonhar. A professora Dona Eulália era exigente, mas tão bondosa… Ela me ensinou a amar as palavras.”
“Meu pai era pedreiro, minha mãe lavava roupa para os vizinhos. Mas sabiam que estudar ali era uma chance única. Foi graças à escola que virei professora. Ensinei por 40 anos. O Alberto Torres foi minha casa, meu chão e meu céu. Se hoje sei quem sou, foi porque aprendi a me levantar ali, entre os livros e os sonhos.”
👨👦 Uma herança que atravessa gerações
Seu neto, Carlos Eduardo Costa, hoje historiador, carrega com orgulho a trajetória da avó e da cidade.
“Minha avó sempre dizia que foi naquela escola, em São João da Barra, que ela aprendeu a se amar, a se respeitar e a lutar. Cresci ouvindo essas histórias. Quando me formei em História, foi como se estivesse agradecendo ao passado dela. A educação mudou o destino da nossa família. O Grupo Escolar Alberto Torres não alfabetizou só uma criança — ele acendeu uma linhagem inteira de transformação.”
👩🏫 Memórias de um educador
O professor aposentado Sebastião Andrade, que lecionou na escola por décadas, também compartilha sua lembrança afetiva:
“O espírito daquela escola era único. Havia uma mística no ar. A gente sabia que estava ali não só para ensinar, mas para cuidar de futuros. A maioria dos alunos vinha de famílias humildes, mas com sede de aprender. O Alberto Torres era um farol aqui em São João da Barra. Uma vez, um aluno me disse: ‘Professor, aqui é o único lugar que eu me sinto importante’. Aquilo me marcou pra vida inteira.”
📚 Mais do que ensino: era formação para a vida
O currículo do grupo escolar em 1922 incluía não apenas leitura e cálculo, mas também canto, civismo, comportamento e valores. Ensinava-se a escrever e a se portar. A escola formava o caráter de cidadãos que construiriam o Brasil do amanhã, começando ali mesmo, nas ruas tranquilas de São João da Barra.
✨ Educação como ato de coragem e esperança
Enquanto o país celebrava sua independência política, o Grupo Escolar Alberto Torres construía, dia após dia, a independência de centenas de meninos e meninas por meio do saber — com força, dignidade e amor.
📸 Do preto-e-branco à memória viva
Fotografias antigas mostram crianças com trajes simples e olhares brilhantes, professoras de postura firme, e um prédio que, mesmo modesto, abrigava um universo de possibilidades. São imagens que hoje fazem parte da memória viva de São João da Barra, onde a escola continua sendo lembrada com carinho e reverência.
🕊️ Porque educar, ontem como hoje, sempre será o ato mais profundo de acreditar no futuro — e foi exatamente isso que São João da Barra fez, com coragem, através de seu amado Grupo Escolar Alberto Torres.