São João da Barra, RJ – Entre os símbolos históricos mais emblemáticos da cidade está o “Canhão da Rainha”, monumento preservado que resgata parte significativa da memória militar e colonial brasileira. Localizado na Rua Barão de Barcelos, no centro da cidade, o artefato é apontado por estudiosos como um dos mais antigos canhões coloniais encontrados em território nacional, com possível origem no final do século XV.
A peça foi descoberta no ano de 1840, na região de Cacimbas, no sertão sanjoanense, em meio às mudanças de curso do Rio Paraíba do Sul. Desde então, sua presença passou a despertar não apenas o interesse histórico, mas também curiosidade popular.
Herança bélica e proteção simbólica
Construído provavelmente no período colonial português, o canhão é tido por especialistas como um artefato de artilharia naval. Sua presença em território fluminense levanta hipóteses sobre naufrágios ou movimentações militares costeiras na época da colonização. A peça foi batizada popularmente como “Canhão da Rainha”, em referência ao período imperial e às forças de proteção marítima que garantiam a soberania da coroa portuguesa sobre a região.
Com o passar dos anos, o objeto foi restaurado e transformado em monumento público, sendo incorporado ao conjunto de bens culturais preservados do município. Embora sem comprovação documental definitiva sobre sua origem exata, o canhão é tratado com reverência pela população local, tanto como relíquia histórica quanto como símbolo de resistência e proteção.
Um marco nas enchentes do Paraíba do Sul
Além de sua relevância histórica, o Canhão da Rainha também é lembrado por moradores mais antigos como referência visual durante as grandes enchentes do Rio Paraíba do Sul. Relatos orais indicam que, em anos de cheia severa, as águas do rio chegavam até a base do pedestal onde está instalado o canhão, servindo como alerta simbólico para os riscos enfrentados pela cidade ao longo dos séculos.
Preservação e valorização da história local
A importância do monumento transcende sua presença física. Para historiadores e pesquisadores da região Norte Fluminense, o Canhão da Rainha representa a materialização de um passado que ainda ecoa na identidade sanjoanense. “É um símbolo que nos lembra das raízes coloniais, das transformações territoriais e do papel geoestratégico que São João da Barra desempenhou desde os primeiros séculos de ocupação portuguesa”, afirma um historiador local.
Atualmente, o canhão integra o acervo patrimonial urbano do município e é ponto de visitação para moradores, turistas e estudantes. Sua preservação é também parte dos esforços de valorização da memória histórica que a cidade tem promovido por meio de ações culturais e educativas.
Um monumento, muitas histórias
Além do relato oficial, a cultura popular também se apropria do Canhão da Rainha como figura mítica. Há quem diga que o artefato seria uma espécie de “guardião invisível” da cidade, uma relíquia que, mesmo em silêncio, protege São João da Barra com sua presença centenária.
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