Às margens do Rio Paraíba do Sul, um dos pontos mais emblemáticos de São João da Barra resiste ao tempo, às marés e às transformações urbanas: o Trapiche. Mais do que uma estrutura de madeira à beira-rio, o local carrega em seu cenário silencioso séculos de memória, trabalho e encontros que moldaram a identidade sanjoanense.
No passado, o Trapiche servia como ponto estratégico para carga e descarga de embarcações, que ali atracavam trazendo produtos agrícolas, tecidos, peixes e mantimentos. Era uma época em que o rio era a principal via de transporte e comunicação, e o Trapiche, um verdadeiro coração pulsante do comércio local.
Moradores antigos contam que nas primeiras horas do dia, o barulho dos remos e os gritos dos barqueiros anunciavam a chegada de mercadorias e passageiros. Crianças corriam pelas tábuas de madeira enquanto esperavam os pais que trabalhavam nos barcos. A cidade despertava ali.
📜 Curiosidade histórica Dizem que o primeiro Trapiche da cidade foi construído ainda no século XIX, e teve diversas reformas ao longo do tempo. Em algumas épocas, funcionava também como ponto de apoio para pescadores e pequeno terminal de passageiros. Há registros orais que relatam até procissões fluviais passando por ali.
🎣 Hoje, o Trapiche é cenário de contemplação e saudade Atualmente, o Trapiche segue firme — e, embora não tenha mais a mesma função comercial, é usado por pescadores, jovens que vão ver o pôr do sol, e visitantes que se encantam com a vista para o rio e as embarcações ao longe. À noite, ganha ares poéticos sob a iluminação amarela dos postes. É também palco de memórias, como namoros antigos, rodas de conversa, despedidas e reencontros.
📣 Em depoimento recente, uma moradora do Centro relatou:
“Meu avô dizia que quem não conhecia o Trapiche, não conhecia São João da Barra. Era ali que ele pegava o barco para ir até Atafona, levar peixe e voltar só de tardinha. Até hoje eu sento ali e parece que escuto o som do remo batendo na água.”