O distrito industrial do Porto do Açu avança para se transformar numa referência na transição energética no país. A declaração é de Vinícius Patel, diretor geral do complexo do 5º distrito de São João da Barra, durante audiência pública realizada na última quinta-feira, visando a instalação de um Hub (complexo) de Produção de Hidrogênio e Derivados de Baixo Carbono. Com projeção de investimentos de R$ 40 bilhões, a planta industrial prevê, durante as quatro fases da implantação, a geração de 5.600 vagas de emprego. De acordo com levantamento do a estimativa é de 1.200 empregos postos de trabalho diretos e indiretos na etapa inicial. “O nosso objetivo maior é fazer o Açu se tornar o porto da transição energética de um país a caminho do que chamamos de neoindustrialização com a utilização de fontes de energia de baixa pegada de carbono. Esta fase representa também uma nova etapa de oportunidades, parcerias com universidades, formação de pessoas, geração de emprego e renda”, afirmou.Somos hoje o maior complexo termoelétrico da América Latina, onde empregamos mais de 7 mil pessoas e, para nós isso é motivo de orgulho, com esta formação de mão de obras que não se aplica apenas ao porto, mas pessoas que passaram por programas de formação e hoje estão em outros estados do país”, acrescentou. As oportunidades se vislumbram também na contratação de prestadores de serviços, as micro e pequenas empresas locais que irão servir ao novo empreendimento industrial, a partir do Programa de Desenvolvimento de Fornecedores (PDF)No local onde será construído o hub está prevista a instalação de um centro administrativo e tecnológico, subestação, áreas de produção de metanol, amônia, hidrogênio verde e azul, áreas de expedição e abastecimento e ainda duas estações de tratamento. O mundo inteiro vai consumir as novas fontes de energia renovável como o hidrogênio. Para cumprir as metas estabelecidas no Acordo de Paris, será necessário cortar em 60% as emissões de dióxido de carbono até 2050 – e somente o hidrogênio verde permitirá a descarbonização de alguns setores, como a siderurgia e a produção de fertilizantes. “Mas o foco do Porto do Açu não é a exportação. Estamos conectados com a Região Sudeste, onde está 54% do total do PIB brasileiro. Há uma onda de neoindustrialização no país que vai precisar desta energia de baixa pegada de carbono”, explicou Vinícius. Entre as indústrias potencialmente consumidoras de hidrogênio estão as plantas industriais de ferro e aço, refinarias, de geração de energia elétrica, injeção de redes de gás, além de transportes marítimo, aéreo e terrestre. A produção de hidrogênio envolve a utilização do gás natural, através de reforma a vapor, enquanto que o uso da água é feito por eletrolisadores, passando pela separação da água (H2O) em hidrogênio (H2) e oxigênio (O2) utilizando eletricidade.O hidrogênio verde é transportado através de outros produtos químicos gerados como amônia ou metanol. As projeções apontam para uma produção de 1,9 milhão de toneladas/ano de amônia e de 314 mil toneladas/ano de metanol. Os 2.555 m3 de água/hora a ser utilizada se divide em 50% (água do mar), 40% (reuso) e 10% (fonte subterrânea). O secretário municipal de Petróleo, Energia e Inovação de Campos, Marcelo Neves, participou da audiência de forma virtual.“O Porto do Açu está de parabéns porque o hidrogênio é o combustível do futuro diante desta ameaça concreta do aquecimento global, colocando o Estado do Rio de Janeiro e o Norte Fluminense na vanguarda da ciência e tecnologia na produção de novas fontes de energia com geração de emprego e renda, o que a nossa população mais deseja neste momento”. Neves destacou a qualificação de mão de obra disponível na região. “Em nossa cidade e na região há instituições de ensino técnico e superior de excelência, e sendo assim, temos a certeza de que mão-de-obra qualificada não vai faltar em nossos municípios para ser absorvida por este grandioso projeto”.A audiência pública, que atende a exigências legais do EIA/RIMA (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental), foi presidida por Paulo Henrique Zuzarte Ferreira, representante do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), e contou com a participação de secretários, técnicos e lideranças comunitárias de São João da Barra.
fonte:campos24horas