No “Janeiro Roxo”, que marca o mês de conscientização sobre os cuidados e a prevenção da hanseníase, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), por meio do Programa Municipal de Controle da Hanseníase, reforça a necessidade do diagnóstico precoce, do tratamento que é ofertado de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e combate à doença. A hanseníase tem cura e caso o paciente não receba os cuidados quanto antes, maiores serão as chances de possíveis sequelas.
O ponto alto da campanha é no último domingo do mês (28), em que é celebrado o Dia Mundial de Combate à Hanseníase. O diretor do Programa, o dermatologista Dr. Edilbert Pellegrini, destaca a importância da suspeição diagnóstica e da educação em saúde para desmitificar a doença que foi estigmatizada ao longo da história, sendo crucial disseminar informações precisas para combater o preconceito e promover o tratamento adequado.
Segundo ele, cerca de 90% da população possui resistência natural à microbactéria, sendo o tratamento eficaz reduzindo assim significativamente a transmissão da doença. “O estigma que levava à segregação e isolamento das pessoas portadoras dessa doença não é mais justificável atualmente. É importante disseminar essas informações para promover uma compreensão mais ampla sobre a hanseníase, garantindo que as pessoas afetadas recebam o apoio e tratamento adequados. Após o início do tratamento, o paciente deixa de transmitir a doença em cerca de um mês e não há justificativa para discriminação ou isolamento dos pacientes”, informou o especialista.
O médico explica que a forma de transmissão da patologia ocorre por meio de contato direto e prolongado. Além disso, certas pessoas podem ser mais vulneráveis devido à predisposição genética em algumas famílias e condições socioeconômicas precárias, onde há carência de nutrientes e vacinação, o que diminui a resposta imunológica no indivíduo.
“A distribuição da doença mudou ao longo do tempo, com a concentração da hanseníase em países de baixo desenvolvimento socioeconômico, como a Índia, o Brasil e a Indonésia. No entanto, é importante ressaltar que a hanseníase tem cura e o tratamento está disponível de forma gratuita na rede pública de saúde. Os sintomas incluem manchas ou áreas da pele com dormência, que podem passar despercebidas por um longo tempo, aumentando o risco de ferimentos e complicações adicionais. Dessa forma, o diagnóstico tardio pode levar ao comprometimento do sistema nervoso periférico, resultando em incapacidade física permanente, especialmente nas regiões dos olhos, mãos e pés”, pontuou o médico.
TRATAMENTO – O tratamento da hanseníase é gratuito, fornecido pelo SUS e dura, em média, de seis meses a um ano, ininterruptos. O Programa Municipal de Controle da Hanseníase realiza o atendimento no Centro de Referência Augusto Guimarães, na Estrada do Santa Rosa, no Parque Santa Clara, anexo ao Hospital Geral de Guarus (HGG) e conta com uma equipe multidisciplinar composta por: por médicos, enfermeiro, técnico de enfermagem, assistente social, psicólogo e fisioterapeuta. O funcionamento acontece de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.
A Secretaria também realiza o teste imunocromatográfico (teste rápido) para pessoas que vivem ou viveram, nos últimos cinco anos, com portador de hanseníase. Para esses contactantes, o atendimento é feito nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) da Penha e Tocos e nas Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF) do IPS, Parque Imperial, Lagoa de Cima e Ponta da Lama. O exame para contatos visa detectar se a pessoa possui anticorpos para Mycobacterium leprae.
“É importante buscar atendimento médico ao perceber qualquer sinal da doença para iniciar o tratamento o mais cedo possível e evitar possíveis sequelas. Também é interessante saber sobre a relação entre a vacina BCG e a proteção contra a Mycobacterium leprae, uma vez que ambas as micobactérias estão relacionadas”, finalizou. Lembrando que a vacina BCG (Bacilo de Calmette e Guérin), que protege contra as formas graves da tuberculose, doença contagiosa provocada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, deve ser tomada em dose única, preferencialmente nas primeiras 12 horas após o nascimento, ou até quatro anos de idade, se a criança nunca tiver sido imunizada.