A 134ª Delegacia Policial do Centro de Campos deve “mudar de cara” e ser restruturada ainda em 2024. Ao menos isso é o que diz um projeto da Polícia Civil, que prevê modernizar e mudar a cara de 46 delegacias e duas unidades periciais do Estado do Rio até 2027. A ideia é ampliar o uso de tecnologias digitais para melhorar a qualidade e a eficiência das investigações, além de facilitar o atendimento ao público.
As informações foram publicadas pelo jornal Extra. Segundo apuração do portal, a 16ª DP (Barra da Tijuca) e a 134ª DP (Campos dos Goytacazes), no Norte Fluminense, serão as primeiras da fila e devem ser revitalizadas ainda este ano.
O Manchete RJ entrou em contato com a assessoria de imprensa da Polícia Civil para saber quais pontos serão incluídos na reforma da delegacia do Centro de Campos. Ainda não houve retorno.
Com relação a delegacia da Barra, a modernização incluirá uma nova fachada e a instalação de células fotovoltaicas para reduzir o valor da conta de energia. As intervenções nesta unidade estão orçadas em R$ 1,3 milhão. O valor total do projeto não foi divulgado.
Pelo planejamento, todas as 185 delegacias e 23 unidades periciais seriam revitalizadas até 2035. De acordo com documento da Polícia Civil, o projeto, que ganhou o nome de Delegacia Digital, visa adequar os serviços prestados pela corporação à nova dinâmica social, impactada principalmente pelas novas tecnologias on-line.
No trabalho dos agentes, a principal novidade seria o uso de inteligência artificial, já iniciado. Também estão previstos o uso de câmeras corporais pelos agentes, o controle de viaturas operacionais por GPS, a gravação dos depoimentos e retratos falados digitais.
Também haveria mudanças no sistema de registro de ocorrência on-line pelas vítimas. A Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), por exemplo, teria uma plataforma com chatbot, por meio do qual seria possível até solicitar medidas protetivas. Já nas delegacias, as pessoas teriam acesso gratuito à internet e um terminal de autoatendimento.
Além de novas fachadas, as unidades passariam por reformas internas. Todos os espaços teriam entradas separadas para vítimas e presos, assim como celas distintas para homens, mulheres, o público LGBTQIA+ e adolescentes. As delegacias contariam ainda com salas para o exercício da advocacia, teriam acessibilidade e fariam a captação e o reúso da água de chuva.
Sindicato critica
Apesar das novidades, o Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Rio afirma que a categoria não foi consultada sobre as mudanças. De acordo com o vice-presidente da entidade, o policial civil Luiz Carlos Cavalcante, a reformulação também precisa levar em consideração a falta de efetivo nas delegacias, que hoje operam com um déficit de aproximadamente quatro mil funcionários.
— Falta de tudo hoje para trabalharmos, até o papel higiênico utilizado precisa ser dividido entre as equipes das delegacias. Não adianta implementar uma série de novidades, robôs e sei lá mais o quê, sem priorizar o lado humano. Hoje, recebemos R$ 12 de tíquete refeição diariamente — critica.
O novo projeto surge 25 após o início do programa Delegacias Legais, que reformou todas as unidades distritais do estado, o que levou mais de dez anos. Na década de 1990, as unidades da Polícia Civil enfrentavam problemas sérios de infraestrutura.
O atual plano faz parte de um conjunto de ações da Secretaria estadual de Transformação Digital, criada pelo governador Cláudio Castro em julho de 2022.