Morreu, nesta quinta-feira (3), aos 97 anos, o jornalista, locutor e apresentador Cid Moreira, um dos rostos (e das vozes) mais conhecidas da televisão brasileira. Ele estava internado num hospital em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, e nas últimas semanas vinha tratando um problema crônico no rim.
“A gente se mudou para perto do hospital para termos um auxílio depois que ele começou a fazer a diálise”, contou a viúva Fátima Sampaio Moreira, que foi casada com ele por 25 anos. “Não contei para ninguém (sobre essa situação), para dar privacidade. Olhar ele lá quietinho é difícil, é estranho… Ele tinha um humor muito particular, um jeito muito maroto. Passamos o aniversário dele, na última quinta-feira, com ele no hospital. E ele disse: ‘Estou cansado, é muita luta. Meu corpo está cansado. Os últimos anos tem sido difíceis’”, contou Fátima, em entrevista a Patrícia Poeta, no programa “Encontro”, da TV Globo, na manhã desta quinta-feira (3).
Início como locutor
Filho de um bibliotecário e de uma dona de casa, o paulista de Taubaté era formado em contabilidade, mas pouco atuou nessa área. Em 1944, no mesmo ano em que concluiu a graduação, foi convencido por um amigo — cujo pai era diretor da Rádio Difusora Taubaté — a realizar um teste de locução. Nesse período, o rapaz chamava atenção de colegas e familiares ao fazer imitações de pessoas conhecidas, ao microfone, nas festas regionais da cidade. O talento rendeu frutos.
Contratado pela rádio local, Cid Moreira se tornou narrador de comerciais da Rádio Difusora Taubaté até 1949, quando se mudou para a capital paulista e passou a trabalhar na Rádio Bandeirantes e na Propago Publicidade. Em 1951, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde atuou na Rádio Mayrink Veiga até 1956. Nesse período, teve suas primeiras experiências em televisão, como os programas “Além da imaginação” e “Noite de gala”, da TV Rio.
A estreia como locutor de noticiários se deu na própria TV Rio, em 1963, na equipe do “Jornal de Vanguarda”. Nos anos seguintes, ele passou por diferentes programas da Tupi, da Globo, da Excelsior e da Continental. Na mesma década, em 1969, foi convidado para substituir Luís Jatobá no “Jornal da Globo”, para em seguida integrar a primeira equipe do “Jornal Nacional”, que foi ao ar pela primeira vez no dia 1º de setembro de 1969, dividindo a bancada com Hilton Gomes.
A primeira notícia transmitida ao vivo foi o estado de saúde do então presidente Arthur da Costa e Silva, que sofrera uma trombose cerebral em agosto daquele ano, e a transmissão tornou-se um marco na história do telejornalismo brasileiro. Dois anos depois, o apresentador iniciou uma parceria com Sérgio Chapelin que se prolongou por mais de uma década. O profissional permaneceu por 26 anos como âncora do Jornal Nacional.