Petrobras quer manter nível da Bacia de Campos por mais 50 anos

Campos dos Goytacazes

Ao completar 50 anos em novembro, área pioneira da produção offshore pode passar por revitalização

A Petrobras avalia que a Bacia de Campos (RJ) pode permitir a extração de petróleo, nos próximos 40 a 50 anos, em volumes semelhantes aos que a região produziu até hoje.

A presidente da petroleira, Magda Chambriard, disse nesta segunda-feira (14) que a empresa está “incomodada” com a produtividade da Bacia de Campos, a mais antiga região marítima produtora de óleo e gás no país.

Em café da manhã com jornalistas, a executiva afirmou que a estatal pretende investir na revitalização da área, que sofre um declínio natural da produção nos últimos anos.

A mensagem reforça a ênfase que a nova gestão da companhia dará ao crescimento da produção de petróleo e gás e à reposição de reservas, o que passa também pela abertura de novas fronteiras exploratórias.

Como mostrou o Valor na semana passada, especialistas têm a expectativa de que o novo plano estratégico da Petrobras, a ser divulgado em novembro, mantenha a prioridade nos hidrocarbonetos, deixando fontes renováveis como solar e eólica em segundo plano.

Ontem, Chambriard afirmou: “Vamos buscar renováveis, vamos fazer molécula [mistura de biocombustíveis na gasolina e no diesel] e elétrons [fontes solar e eólica].

” Ela defendeu os projetos para a transição energética, em especial os de biocombustíveis, e disse que há espaço para a empresa se tornar carbono zero antes do prazo, em 2050. Mas ressalvou um princípio da atual gestão, segundo a qual “cada gota de petróleo é importante.”

A Bacia de Campos completa 50 anos em novembro. Em 1974, foi descoberto na região o primeiro campo com volume comercial, o de Garoupa, seguido por Namorado e Enchova.

Foi neste último que teve início a produção comercial, em 1977. À medida que a Bacia foi ficando mais madura, a Petrobras desenvolveu outras reservas, em Santos, onde se concentram os campos do pré-sal.

Chambriard disse que a empresa criou grupo de trabalho para estudar como aumentar a produtividade e estender a vida útil dessas jazidas.

“Claro que [será revitalizada] sem o pico de produção que ela já teve, mas estaremos voltados para o melhor aproveitamento e para as melhores possibilidades de produção que essa bacia nos dá.”

O aumento da produção passa pela entrada em operação de novas unidades. Ontem, a Petrobras lançou edital para construção da plataforma P-86, que será chave na revitalização dos campos de Marlim Sul e Marlim Leste, na Bacia de Campos.

Essa plataforma será construída pelo modelo conhecido como “EPC”, segundo o qual o fornecedor realiza todas as etapas do projeto e entrega a plataforma para operação, disse a diretora de exploração e produção da Petrobras, Sylvia Anjos.

A Bacia de Campos é a segunda maior do Brasil, representa 18% da produção nacional e produz, em média, 661,6 mil barris de óleo equivalente por dia, conforme dados de agosto da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

A região está atrás apenas da Bacia de Santos, que representa 79% do total produzido no país, com 3,4 milhões de barris de óleo equivalente por dia.

Fonte do setor afirma que Chambriard tem razão em querer estender a produção da bacia.

“Ainda dá para tirar muito petróleo da Bacia de Campos. A fração recuperada [parte das reservas que foi produzida] é baixa em relação à média internacional.” A extensão da vida útil dos campos pode ser feita, por exemplo, via *“retrofit” de plataformas.

Rodrigues reforça que é necessário tomar cuidado para que a tentativa de revitalizar a bacia não seja somente com base em viés ideológico. “As vendas de ativos nos últimos anos possibilitaram o surgimento de novas empresas e até o aumento da produção nacional.

São empresas que têm negócios diferentes da Petrobras” O atual governo suspendeu vendas de ativos que estavam encaminhadas pela gestão anterior.

Chambriard disse que a empresa tem perspectiva de aumentar a produção de petróleo com a entrada em operação de novas plataformas.

O navio-plataforma (FPSO, na sigla em inglês) Maria Quitéria, situada no Campo de Jubarte, no pré-sal da Bacia de Campos, deve iniciar operação comercial este mês, antecipando o cronograma em relação à previsão original, no primeiro trimestre de 2025.

Outro FPSO, Almirante Tamandaré, no Campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos, tem previsão de começar a operar entre a segunda quinzena de dezembro e o início de janeiro. O FPSO Duque de Caxias entra em operação este ano.

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