O Manguezal de Atafona: Berço de Vida, História e Lendas que atravessam gerações

SJB

Em meio às águas tranquilas e misteriosas do delta de São João da Barra, repousa uma das maiores preciosidades naturais do Estado do Rio de Janeiro: o manguezal de Atafona. Extenso, rico em biodiversidade e tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico da União, o manguezal é berço de incontáveis espécies de peixes, mariscos, caranguejos, lagostas e dos imponentes guaiamus — os grandes caranguejos azuis que há décadas alimentam e sustentam gerações de pescadores.

O manguezal já foi ainda maior. Parte de sua grandiosidade foi vencida pela força implacável do mar na região do Pontal de Atafona, onde a transgressão marinha reescreveu a geografia local. Mesmo assim, o que permaneceu continua sendo uma joia de preservação permanente, onde fauna e flora resistem com exuberância. No passado, moradores antigos relatam que a região abrigava até mesmo jacarés do papo amarelo, répteis majestosos que hoje vivem apenas na memória dos mais antigos.

Além de sua importância ecológica, o manguezal também guarda histórias que transcendem o tempo. Uma das lendas mais conhecidas é a da Moça Bonita, que até hoje mexe com o imaginário popular. Segundo a tradição oral, a mais bela catadora de caranguejos da região, prestes a se casar, decidiu sair para um último passeio no mangue com suas irmãs. Enquanto elas conseguiram retornar para casa, ela nunca mais foi vista. Desde então, muitos pescadores afirmam ter avistado, entre as sombras dos mangues, uma jovem vestida de noiva, silenciosa, caminhando entre as raízes retorcidas.

O pescador Seu Anselmo Barbosa, de 78 anos, morador de Atafona, compartilhou com a equipe do Jornal O Fiscal do Povo um relato que arrepia:

“Uma vez, de madrugada, eu e meu compadre fomos colocar armadilha pra pegar guaiamu. A maré tava seca, o silêncio só quebrado pelo som dos caranguejos correndo no lodo. De repente, vimos de longe uma mulher toda de branco andando devagar entre os mangues. Quando a gente chamou, ela desapareceu como fumaça. Nunca mais esqueci aquela noite.”

O manguezal de Atafona não é apenas um espaço de vida e luta da natureza. É um território onde a realidade e o mistério convivem lado a lado, onde cada árvore retorcida e cada maré cheia carrega séculos de história, fé e encantamento.

Preservar esse tesouro é manter viva não apenas a biodiversidade, mas também a alma de um povo que aprendeu a respeitar os mistérios que brotam da terra e das águas.

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